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Curators Artists Spaces
Pop Up is a non-profit organization based in Lisbon that brings together new and established curators, artists, and art spaces on an international scale. Established in 2009, Pop Up provides opportunities for exhibitions, trainings, research and publications for a varied population. Through new ways of collaborating, Pop Up offers an opportunity to bring together people and ideas that challenge the way art is seen and contextualized, as well as how it’s created and curated.
1 comentário:
Da leitura do regulamento do evento “Pop Up Lisboa 2010” – que pelo meu entender visa fazer uma antropologia do Mundo Global, dos modos de reagrupamento e modelos de circulação específicas do mundo contemporâneo, cristalizando num acontecimento o olhar dos diversos “artistas como etnógrafos” seleccionados (paradigma de Hal Foster e cujo pano de fundo remonta ao matricial “Der Autor als Producent” de Benjamin) – diversas questões se me assomaram, concernentes sobretudo às categorias “não-lugar” e “site-specific”, pelo que humildemente peço esclarecimentos:
Primeira questão: da diferença entre lugar antropológico e não-lugar.
A categoria “não-lugar” opõe-se ao “lugar antropológico” (Mauss, Durkheim), sendo este último definido como identitário, relacional e histórico. Logo, segundo Augé, um “não lugar” não é identitário, relacional ou histórico. Mais, e aqui se desenha a dúvida: para Augé terá de haver uma relação contratual com o “não-lugar”; o utilizador terá de seguir mesmo um guia de uso (le mode d’emploi), o que pressupõe o acesso autorizado ao mesmo – o ticket da portagem, o ticket do parque de estacionamento, o bilhete de comboio ou de avião, o carrinho de compras do super-mercado, ter marcação num dentista, etc, etc, etc. É um sítio de passagem – estação de comboios, aeroporto, hiper-mercado, consultório médico, auto-estrada – ahistórico, arelacional, a identitário. Um “não-lugar” não é, segundo a definição de Augé, um espaço urbano abandonado, como consta no regulamento. Logo, em que não-lugares serão inseridos os trabalhos?
Segunda questão: “…inseridos os trabalhos?”. Uhm... bem, isto dá que pensar... Se o objectivo é a apresentação de projectos artísticos site-specific, como poderão ser “sítios-específicos” se os candidatos não têm acesso a esses “so-called non-lieux”? Eu, que pondero concorrer, tenho esta dúvida... O candidato terá de imaginar um “so-called non-lieux” e, sem qualquer ligação ao espaço em-si, conceber uma obra “dimensões máximas: Altura 270cm x Largura 400cm x Profundidade 400 cm”. Como é que a categoria site-specific irá contribuir para o fazer? É que nem se poderá falar em “site-oriented”, uma outra categoria dentro dos “sites”.
Termino este meu pedido de esclarecimentos com uma citação de Richard Serra que poderá ajudar:
“ It is a site-specific work and as such not to be relocated. To remove the work is to destroy the work.”
Catarina Patrício
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